O (im)pensável aconteceu

Choque para uns, boa nova para outros. Após um ano a treinar a formação lisboeta, Fernando Santos foi dispensado. O treinador mais mal amado pelas hostes benfiquistas, não resistiu às pressões e foi praticamente obrigado a deixar o cargo. O que para todos os efeitos não deixa de ser curioso. Senão repare-se. Na época transacta, trouxe tudo menos alegrias aos adeptos. Não ganhou uma única competição e ainda por cima não garantiu um lugar de acesso directo às competições europeias. Contudo, resistiu às pressões e manteve o seu ar calmo, pacato e sereno. Como quem não quer a coisa, e protegido pela direcção do Benfica, foi convidado a continuar a fazer o seu trabalho. Entradas para ali, saídas para acolá e a confusão foi crescendo e aumentando de tom. Com uma jornada decorrida, o clube com mais adeptos oficiais do mundo, já está dois pontos atrás da concorrência e ainda não tem de forma alguma garantido um lugar na liga milionária. De quem é a culpa? Dos reforços? Dos jogadores antigos? Da direcção?... Claro que não. A culpa é e sempre será do treinador. Desculpem-me os pensadores e as mentes mais intelectuais que conseguem descortinar sempre um bode expiatório para os resultados mais fracos. Quem comanda as tropas é o treinador. E mais nada. Fernando Santos teve sucessos noutros clubes (nomeadamente na Grécia) e os jogadores não eram os melhores do mundo e a direcção muito menos. Foi feliz e campeão porque conseguiu liderar com sucesso os seus pupilos.
Agora com este volte face e a entrada de Camacho, o cenário é mais que conhecido. Sem entrar pelo campo da ironia, e apenas exemplificando, podemos ter uma breve perspectiva da realidade que se viverá no estádio da luz. Se Camacho entrar a ganhar e tudo lhe correr bem, vai ser visto como o salvador e os adeptos mais fervoroso comentarão que ele sim é que o treinador certo e não o Fernando Santos. Caso as coisas lhe corram mal, terá ( e usará) a desculpa de que ainda não foi feita uma adaptação, mudança de mentalidades… etc. Enfim, uma panóplia de desculpas a quem os adeptos dirão que sim com a cabeça e perdoarão o novo timoneiro encarnado.
Ninguém duvida das capacidades do antigo treinador do Real Madrid e ninguém duvida do potencial encarnado, mas eu duvido, que Luís Filipe Vieira fique por aqui e não volte a fazer das suas. È preciso relembrar(-lhe) que ele não é Deus e como tal não consegue estar em todo lado.
Em jeito de nota de rodapé, e sem me querer esticar muito pelos caracteres, fica somente uma palavra de apreço ao Nando, mundialmente conhecido por “Nito Gol” (velhos tempos) pelo convite que me endereçou.

Aquele abraço,
Makelele