Mais que um jogo

Antes de iniciar este artigo, gostaria de agradecer ao Fernando o convite para escrever neste Blog. As minhas reflexões procurarão abranger temas variados na esfera deste complexo Jogo, que é o Futebol.
Nesta medida, iniciarei as minhas reflexões, aludindo a um tema que julgo dever fazer parte das preocupações e do pensamento de todos aqueles que se preocupam com a formação de jogadores no Futebol. - "A importância do Futebol de Rua"

Várias são as personalidades (Cruyff, Valdano), que atribuem "á rua", a denominação de melhor "escola" de Futebol do Mundo.
Em todo o mundo milhões de crianças, na ausência de bola, caneleiras, chuteiras, balizas, campo, criam o seu jogo de futebol...Ora vejamos, para a bola, poderão utilizar papel de jornal enrolado, para o campo basta pegarem em quatro pedras e delimitarem as balizas, as marcações, essas, poderão ser imaginárias. Quanto ao equipamento, jogar descalço não é novidade para muitos, e as caneleiras...muitos nem saberão o que é....
As regras são circunstânciais, não há horas nem número minímo de jogadores para iniciar e muito menos para terminar, o prazer pelo jogo é mais forte que tudo o resto.
Muitos dos jogadores que actualmente são alvo de admiração, possuem esta caracteristica comum na sua formação, que se prende com a aprendizagem na rua.
O periodo de prática do Futebol de Rua antecedente á entrada nos clubes assume-se como crucial e preponderante na formação dos futuros jogadores. Mas porquê?, perguntamos nós....
Na nossa opinião, o futebol de rua encerra na sua essência características, como a espontaneidade a naturalidade do Jogar sem preocupações de natureza organizacional que são de crucial importância para o enriquecimento psico-motor dos futuros jogadores.Sinteticamente, podemos afirmar que, é no futebol de rua que os jovens podem jogar dando azo á criatividade, á liberdade, ao JOGAR SEM TELECOMANDO.
Assiste-se frequentemente a uma robotização dos jovens jogadores nos clubes, isto é, treinadores preocupados em incutir nos miúdos princípios de jogo e afins para que estes actuem estritamente segundo aquelas directrizes. Resultado, especialização precoce dos miúdos e consequente criação de um jogar excessivamente estereotipado.
Nada melhor que as palavras de Pélé para sintetizarem o exposto... "os treinadores das equipas infantis têm que deixar os jogadores jogarem á vontade, criar....isso é fundamental e não têm acontecido".
Posto isto, um imperativo fundamental na formação deverá ser o de deixar os miúdos JOGAREM, ou seja, o treino deverá ser um momento onde a verdadeira essência do Jogo, que é o jogar FUTEBOL, deverá ser despertada, e tal só é possível deixando os miúdos jogarem....

Por ser um tema bastante complexo, numa reflexão futura desenvolverei mais o tema procurando expor um conjunto de conceitos e linhas orientadoras para um melhor entendimento do processo de formação no Futebol.
Neste texto procurei apenas, realçar a importância da prática livre de regras padronizadas e directrizes rígidas no longo processo de formação de jogadores de Futebol.

NFP