Um problema de gestão

1. Aquando do convite do Nando para começar a escrever no blog disse-lhe logo que o meu primeiro texto inteiramente dedicado para explicar o porquê das minha aversão ao meu treinador. No entanto, este fim de semana trocou-me as voltas e o FCP ao conntrário do que eu previa ganhou, fez um jogo bastante conseguido perante uma atrevida equipa do Braga e anotei alguns bons apontamentos do Lucho, que me pareceu ter estado bastante bem apesar de só ter começado a treinar há 2 semanas. Gostei também do Bosingwa e do Raúl Meireles, que fechou sempre muito bem os espaços e sempre que possível procurou ser incisivo nas suas acções.E, claro, tivemos Quaresma, um verdadeiro génio do qual depende toda a "estratégia" de Jesualdo.

Era sobre esta "estratégia" que tinha previsto escrever esta semana, mas surgiu-me outro interessante tema, um pouco no rescaldo de uma semana pródiga em novos acontecimentos no "futebol" porrtuguês. Apenas um apontamento para a boa exibição do Sporting perante uma displicente e distraída Académica, mas não quero com isto tirar o mérito ao Sporting, porque mais importante que tudo é que está a ser criada uma importante dinâmica de vitória para os lados de Alcochete. Por sua vez o Benfica empatou, consequência natural de uma fraquíssima exibição. E, agora de quem é a culpa? Por esta altura já Fernando Santos foi demitido, mas será ele o único culpado?

2. E é aqui que entro num problema de gestão. É este problema de gestão que na minha opinião está na génese de todos os problemas do futebol português. Comecemos por etapas. Aquando dos graves acontecimentos verificados na final da Liga dos Campeões de 1985 entre Liverpool e Juventus, o futebol inglês mergulhou numa profunda crise e a sua liga ressentiu-se bastante. Foram precisos alguns penosos anos, para o futebol inglês se reestruturar e surgir a Premier League como a conhecemos hoje. Foi necessário profissionalizar a gestão dos clubes, a gestão da própria Liga, arranjar patrocinadores e montar a máquina que é a Premier League com estádios sempre cheios, com futebol atractivo, com equipas a dar lucro, com investidores interessados. Futebol, nos dias de hoje é tudo isto! Também há problemas, não há apitos dourados nem encarnados, mas há investigações a transferências, há investigações ao filho do Fergunson, ao novo dono do Manchester City, mas o Futebol não pára.

Agora regressamos ao nosso futebol e nada disto se passa, todos os clubes dão prejuízo e têm enormes passivos, os estádios estão vazios, a Liga e a Federação não se entendem e há, também, queria frisar o também, as investigações. O problema está na gestão dos clubes e de todos sem excepção.

Está no meu clube que tem um presidente há mais de 25 anos no poder e que não precisa de apresentar justificações a ninguém, mas ao menos ganha o que é menos mau. Temos o Sporting que todos dizem que aposta na juventude, pudera com o enorme passivo não tem outra hipótese. E, depois, temos toda a promiscuidade presente no futebol, um presidente do braga que tem negócios no imobiliário e tem interesses na construção do centro de estágio do Seixal, outro presidente que aquando da era Vale e Azevedo festejava as vitórias do FCP e agora do nada está do outro lado, entra no ranking dos 75 mais ricos do país e abre guerra a todos os poderes instalados no futebol português, segundo ele maléficos no momento, mas em tempos benéficos.

Onde entra a gestão? A gestão tem a ver com o facto de haver organização nos clubes, de os tornar atractivos para o exterior, de criar um ambiente capaz para todos os seus colaboradores. O mesmo se pode dizer em relação à Liga e à Federação e à organização das provas em Portugal, pois só assim poderemos ter Futebol. Deixo uma pequena provocação, em Inglaterra as investigações às transferências do Chelsea que podem também levar à sua descida de divisão, não fizeram parar o clube que continua organizado e não parou, podemos dizer o mesmo em Portugal? Será apenas culpa do Fernando Santos este mau início de época?